Oftalmopediatria

O primeiro exame oftalmológico deve ser realizado ainda na maternidade (teste do olhinho). Depois, recomenda-se revisões aos 6 meses, 1 ano, entre 2-3 anos e antes de iniciar a vida escolar (por volta dos 5-6 anos). Após isso, consultas anuais são recomendadas, mesmo que a criança não apresente queixas visíveis. Crianças com histórico familiar de problemas oculares, prematuridade, ou com condições específicas como síndrome de Down podem necessitar de acompanhamento mais frequente, conforme orientação do oftalmopediatra.

Alguns sinais que podem indicar problemas visuais em crianças incluem: aproximação excessiva de objetos, livros ou televisão; inclinação ou virada da cabeça para enxergar; estrabismo (desvio dos olhos); olho vermelho frequente; piscadas excessivas; franzimento da testa; esfregação constante dos olhos; sensibilidade à luz; dores de cabeça frequentes; dificuldade de concentração e baixo rendimento escolar; tropeços frequentes ou dificuldade em atividades que exigem coordenação visual-motora. Se você observar qualquer desses sinais, é importante consultar um oftalmopediatra o quanto antes, pois o diagnóstico precoce favorece tratamentos mais eficazes.

O tratamento da ambliopia é mais eficaz quando iniciado precocemente, idealmente antes dos 7 anos de idade, período em que o sistema visual ainda está em desenvolvimento e apresenta maior plasticidade. Quanto mais cedo o tratamento for iniciado, melhores são as chances de recuperação completa da visão. Após os 9-10 anos, a eficácia do tratamento diminui significativamente, embora ainda seja possível obter alguma melhora em alguns casos. Por isso, a importância dos exames oftalmológicos regulares durante a infância, mesmo na ausência de sintomas aparentes, pois a ambliopia frequentemente não apresenta sinais externos óbvios.

O uso prolongado de dispositivos eletrônicos como tablets, smartphones e computadores pode causar cansaço visual (astenopia), olhos secos e desconforto temporário. Além disso, estudos recentes sugerem que o tempo excessivo em atividades de perto e a redução do tempo ao ar livre podem contribuir para o desenvolvimento e progressão da miopia em crianças. Recomenda-se limitar o tempo de tela de acordo com a idade da criança, garantir pausas regulares (regra 20-20-20: a cada 20 minutos, olhar para algo a 20 pés/6 metros de distância por 20 segundos), manter boa iluminação, postura adequada e incentivar atividades ao ar livre, que parecem ter efeito protetor contra a miopia.

Não existe uma idade mínima específica para o uso de lentes de contato, pois a recomendação depende mais da maturidade e responsabilidade da criança do que da idade cronológica. Alguns bebês e crianças pequenas podem precisar usar lentes de contato por motivos terapêuticos (como após cirurgia de catarata congênita). Para uso cosmético ou refrativo, geralmente adolescentes entre 12-14 anos já podem ser bons candidatos, desde que demonstrem capacidade de manusear as lentes com higiene, seguir as orientações de uso e manutenção, e possuam supervisão parental. Cada caso deve ser avaliado individualmente pelo oftalmologista, considerando fatores como o grau de ametropia, atividades esportivas praticadas e aspectos psicológicos.

O estrabismo pode ser tratado com alta taxa de sucesso, especialmente quando diagnosticado precocemente. O tratamento varia conforme o tipo e causa do estrabismo, podendo incluir: correção óptica com óculos adequados; oclusão (tampão) para tratar ambliopia associada; exercícios ortópticos para melhorar a fusão binocular; aplicação de toxina botulínica em casos selecionados; e cirurgia para realinhar os músculos oculares. Em muitos casos, especialmente nos estrabismos infantis, é necessária uma combinação desses métodos para obter o melhor resultado. O acompanhamento regular é fundamental, pois algumas formas de estrabismo podem necessitar de intervenções adicionais ao longo do tempo.